O que é Consórcio?

Cotidiano Básico
Consórcio é um financiamento coletivo onde pessoas se juntam para comprar um bem e mensalmente parte delas são contempladas. Atenção com o Consórcio!
Lucas Cortezzi
23/01/2023
Stack

Consórcio e a falsa sensação de poupança

De início vale destacar que consórcio não é investimento! Não importa o que seu consultor de consórcios e/ou seguros diga.

Hoje explicaremos um pouco sobre o que é o consórcio e como suas parcelas são montadas, em um outro artigo vamos explicar sua desvantagem em relação a compra à vista e até mesmo ao financiamento que a maioria de nós conhece.

Entendemos que o consórcio só faz sentido se você o contrata de forma consciente e entendendo as diferenças dele para a compra à vista e para o financiamento tradicional.

Vale lembrar que em caso de você possuir recursos para antecipar suas parcelas de financiamento, é bom calcular qual faz mais sentido para você, fique de olho nas pegadinhas do consórcio e não caia no “papo de vendedor”.

O que é Consórcio?

O consórcio é uma forma de financiamento coletivo, ou seja, muitas pessoas buscam comprar algum bem, porém separadas elas não possuem recursos para comprar à vista.

Essas pessoas então se juntam e com as parcelas individuais mensais e, por mês, uma dessas pessoas é “contemplada” e adquire o bem.

Quem adquiriu o bem continua pagando suas parcelas, ajudando as outras pessoas também realizarem essa compra, o “grupo de consórcio” acaba quando todos possuem seus bens e todos esses estão quitados.

No momento que chega sua vez no consórcio, o Administrador te entrega uma “Carta de Crédito” que é um documento dizendo que você possui crédito para adquirir aquele bem desejado, seja ele: uma moto, uma casa, um carro, um caminhão ou outro bem.

Alertas!

Superficialmente isso parece uma vantagem, pois no momento de você comprar um consórcio te falam que essa forma de compra é mais barata que o financiamento, pois NÃO há cobrança de juros no consórcio, mas isso pode ser uma “pegadinha”, vamos falar o porquê depois.

Outra “pegadinha” é falarem que isso serve como uma “poupança forçada”, te auxiliando a poupar dinheiro para adquirir esse bem, uma vez que você não teria um auto controle para poupar este recurso, porém você estará pagando não apenas um seguro e a taxa de administração, que impactam em muito o valor final de sua parcela, mas também estará perdendo a oportunidade de investir esses valores, fazendo seu dinheiro trabalhar por você, o famoso “custo de oportunidade”.

Para acompanhar apenas as pegadinhas, vamos para a parte 2.

O que eu pago em um consórcio?

No consórcio sua parcela é composta pelos seguintes itens:

  1. Fundo comum: é o valor que todo consorciado paga para o “grupo” para a compra dos bens através das parcelas mensais;
  2. Fundo de reserva: é um valor “a mais” que cada cotista paga prevendo que outros possam se tornar inadimplentes, ou seja, caso algum contista pare de pagar, esse Fundo irá garantir que os demais continuem recebendo o bem;
  3. Seguro: quando contratado, é um valor pago para garantir a quitação da dívida em caso de morte do segurado ou desistência do consórcio, também conhecido como “Seguro prestamista”; e
  4. Taxa de administração: que é uma taxa cobrada pela Administradora do fundo pelos serviços de guarda e gestão desses recursos, esse valor geralmente fica entre 15% a 25% do valor do crédito, porém vale uma leitura do contrato de consórcio para identificar exatamente quanto está sendo cobrado de você.

Todas as parcelas sofrem um REAJUSTE ANUAL, ou seja, todas as parcelas são reajustadas anualmente por algum índice oficial adotado pelo administrador do consórcio, seja ele: IPCA, FIPE, IGP-M, etc.

Esse reajuste anual deve ser levado em conta pelo cotista, pois pode impactar diretamente o valor de sua parcela, mas como consequência, também aumenta sua carta de crédito ao final do consórcio, então a perda é parcial.

Como é montada a parcela do Consórcio?

Vamos tomar como exemplo um consórcio de 72 meses (6 anos), cujo valor de crédito são R$ 100.000,00 (cem mil reais) para aquisição de um terreno (bem imóvel) para José.

Fundo comum: o valor destinado à parcela do fundo comum vai ser a divisão do valor do crédito final pelo prazo do consórcio, neste caso:

Valor do crédito final / prazo do consórcio = parcela do fundo comum
R$ 100.000.00 / 72 meses = R$ 1.389,00 de parcela mensal do fundo comum.

Fundo de reserva: o valor destinado à parcela de fundo de reserva são 2% do valor do crédito final dividido pelo prazo do consórcio, neste caso:

Valor do crédito final X (2%) / prazo do consórcio = parcela do fundo reserva
R$ 100.000,00 X (2%) / 72 meses = parcela do fundo reserva
R$ 100.000,00 X (2 / 100) / 72 meses = parcela do fundo reserva
R$ 100.000,00 X 0,02 / 72 meses = parcela do fundo reserva
R$ 2.000,00 / 72 meses = parcela do fundo reserva
R$ 27,78 = parcela do fundo reserva


Seguro: é um valor fixo a depender do contrato de consórcio, no nosso caso serão R$ 105,22 por parcela para casos de morte do cotista.

Taxa de Administração: é o valor destinado a remunerar o Administrador do fundo do consórcio, no nosso caso serão 20% do valor do crédito final dividido pelo prazo do consórcio, conforme o exemplo a seguir:

Valor do crédito final X (20%) / prazo do consórcio = parcela da taxa de administração
R$ 100.000,00 X (20%) / 72 meses = parcela da taxa de administração meses
R$ 100.000,00 X (20 / 100) / 72 meses = parcela da taxa de administração meses
R$ 100.000,00 X 0,20 / 72 meses = parcela da taxa de administração meses
R$ 20.000,00 / 72 meses = parcela da taxa de administração meses
R$ 278,00 = parcela da taxa de administração meses

Parcela final: é a soma de todos os componentes da parcela do consórcio, neste caso:

Parcela do Fundo comum + Parcela do Fundo Reserva + Parcela do Seguro + Parcela da Taxa de Administração = Parcela total do consórcio
R$ 1.389,00 + R$ 27,78 + R$ 105,22 + R$ 278,00 = R$ 1.800,00

Valor total final: é a multiplicação da parcela total do consórcio pelo prazo do consórcio.

Parcela total do consórcio X prazo do consórcio = valor total final
R$ 1.800,00 X 72 meses = valor total final.
R$ 129.600,00 = valor total final.

Concessão da Carta de Crédito

No nosso exemplo temos que um consórcio que dará ao final uma Carta de Crédito de R$ 100.000,00, terá a duração de 72 meses (6 anos) e custará para o cotista uma parcela mensal de R$ 1.800,00, totalizando ao final R$ 129.600,00.

Vale lembrar que no consórcio, via de regra, você só terá direito a essa carta de crédito ao final do prazo de consórcio, porém se tiver sorte ou realizar um lance você poderá antecipar sua contemplação com a carta de crédito, mesmo antecipando o recebimento do crédito terá de quitar no prazo estabelecido as parcelas restantes.

E se eu desistir ou não puder pagar?

Aqui vai o maior alerta, PENSE BEM antes de fazer um consórcio, pois você será extremamente penalizado em caso de desistência ou inadimplência.

Vale ler todas as penalidades do contrato antes de realizar um consórcio, porém de forma resumida você ficará com os valores travados até o final do grupo do consórcio, você deverá, mesmo assim pagar a taxa de administração, bem como multa pela quebra do contrato.

Conclusão

Como já mencionamos, o consórcio não é investimento, ele é apenas um instrumento de financiamento de compra, pois você ao final do período não terá uma rentabilidade dos valores destinados ao consórcio, apenas irá recebe-los de volta descontados os custos da operação (taxa de administração e seguro).

Em nossa opinião o consórcio é apenas recomendado se você já estudou as formas de compra à vista e/ou através de financiamento e entendeu que o consórcio é mais vantajoso para você.

O consórcio só parece vantajoso em caso de você não ter uma linha de crédito para financiamento suficiente para adquirir aquele bem que deseja, porém já possui um bom valor para garantir um lance vencedor no seu grupo de consórcio.

Também pode ser vantajoso se você tiver a certeza de que não poderá pagar parcelas antecipadas de um financiamento, a famosa “amortização”, onde você “paga a primeira e a última parcelas” do financiamento todos os meses, como as pessoas conhecem.

Se você não tem pressa em comprar o bem ou se você não tem um valor para amortizar a dívida do financiamento ou dar lances no consórcio, o melhor é ir acumulando recursos aos poucos e ir investi-los para adquirir o bem no futuro.

Quer entender sobre as possíveis pegadinhas na hora de fazer um consórcio? Acompanhe a parte 2, no nosso blog!

Quer ver um comparativo sobre Consórcio, Financiamento e pagamento à vista? Deixe nos comentários!

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Como declarar aplicação com rendimentos tributáveis no Imposto de Renda 2023


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Consórcio é um financiamento coletivo onde pessoas se juntam para comprar um bem e mensalmente parte delas são contempladas. Atenção com o Consórcio!
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De início vale destacar que consórcio não é investimento! Não importa o que seu consultor de consórcios e/ou seguros diga.

Hoje explicaremos um pouco sobre o que é o consórcio e como suas parcelas são montadas, em um outro artigo vamos explicar sua desvantagem em relação a compra à vista e até mesmo ao financiamento que a maioria de nós conhece.

Entendemos que o consórcio só faz sentido se você o contrata de forma consciente e entendendo as diferenças dele para a compra à vista e para o financiamento tradicional.

Vale lembrar que em caso de você possuir recursos para antecipar suas parcelas de financiamento, é bom calcular qual faz mais sentido para você, fique de olho nas pegadinhas do consórcio e não caia no “papo de vendedor”.

O que é Consórcio?

O consórcio é uma forma de financiamento coletivo, ou seja, muitas pessoas buscam comprar algum bem, porém separadas elas não possuem recursos para comprar à vista.

Essas pessoas então se juntam e com as parcelas individuais mensais e, por mês, uma dessas pessoas é “contemplada” e adquire o bem.

Quem adquiriu o bem continua pagando suas parcelas, ajudando as outras pessoas também realizarem essa compra, o “grupo de consórcio” acaba quando todos possuem seus bens e todos esses estão quitados.

No momento que chega sua vez no consórcio, o Administrador te entrega uma “Carta de Crédito” que é um documento dizendo que você possui crédito para adquirir aquele bem desejado, seja ele: uma moto, uma casa, um carro, um caminhão ou outro bem.

Alertas!

Superficialmente isso parece uma vantagem, pois no momento de você comprar um consórcio te falam que essa forma de compra é mais barata que o financiamento, pois NÃO há cobrança de juros no consórcio, mas isso pode ser uma “pegadinha”, vamos falar o porquê depois.

Outra “pegadinha” é falarem que isso serve como uma “poupança forçada”, te auxiliando a poupar dinheiro para adquirir esse bem, uma vez que você não teria um auto controle para poupar este recurso, porém você estará pagando não apenas um seguro e a taxa de administração, que impactam em muito o valor final de sua parcela, mas também estará perdendo a oportunidade de investir esses valores, fazendo seu dinheiro trabalhar por você, o famoso “custo de oportunidade”.

Para acompanhar apenas as pegadinhas, vamos para a parte 2.

O que eu pago em um consórcio?

No consórcio sua parcela é composta pelos seguintes itens:

  1. Fundo comum: é o valor que todo consorciado paga para o “grupo” para a compra dos bens através das parcelas mensais;
  2. Fundo de reserva: é um valor “a mais” que cada cotista paga prevendo que outros possam se tornar inadimplentes, ou seja, caso algum contista pare de pagar, esse Fundo irá garantir que os demais continuem recebendo o bem;
  3. Seguro: quando contratado, é um valor pago para garantir a quitação da dívida em caso de morte do segurado ou desistência do consórcio, também conhecido como “Seguro prestamista”; e
  4. Taxa de administração: que é uma taxa cobrada pela Administradora do fundo pelos serviços de guarda e gestão desses recursos, esse valor geralmente fica entre 15% a 25% do valor do crédito, porém vale uma leitura do contrato de consórcio para identificar exatamente quanto está sendo cobrado de você.

Todas as parcelas sofrem um REAJUSTE ANUAL, ou seja, todas as parcelas são reajustadas anualmente por algum índice oficial adotado pelo administrador do consórcio, seja ele: IPCA, FIPE, IGP-M, etc.

Esse reajuste anual deve ser levado em conta pelo cotista, pois pode impactar diretamente o valor de sua parcela, mas como consequência, também aumenta sua carta de crédito ao final do consórcio, então a perda é parcial.

Como é montada a parcela do Consórcio?

Vamos tomar como exemplo um consórcio de 72 meses (6 anos), cujo valor de crédito são R$ 100.000,00 (cem mil reais) para aquisição de um terreno (bem imóvel) para José.

Fundo comum: o valor destinado à parcela do fundo comum vai ser a divisão do valor do crédito final pelo prazo do consórcio, neste caso:

Valor do crédito final / prazo do consórcio = parcela do fundo comum
R$ 100.000.00 / 72 meses = R$ 1.389,00 de parcela mensal do fundo comum.

Fundo de reserva: o valor destinado à parcela de fundo de reserva são 2% do valor do crédito final dividido pelo prazo do consórcio, neste caso:

Valor do crédito final X (2%) / prazo do consórcio = parcela do fundo reserva
R$ 100.000,00 X (2%) / 72 meses = parcela do fundo reserva
R$ 100.000,00 X (2 / 100) / 72 meses = parcela do fundo reserva
R$ 100.000,00 X 0,02 / 72 meses = parcela do fundo reserva
R$ 2.000,00 / 72 meses = parcela do fundo reserva
R$ 27,78 = parcela do fundo reserva


Seguro: é um valor fixo a depender do contrato de consórcio, no nosso caso serão R$ 105,22 por parcela para casos de morte do cotista.

Taxa de Administração: é o valor destinado a remunerar o Administrador do fundo do consórcio, no nosso caso serão 20% do valor do crédito final dividido pelo prazo do consórcio, conforme o exemplo a seguir:

Valor do crédito final X (20%) / prazo do consórcio = parcela da taxa de administração
R$ 100.000,00 X (20%) / 72 meses = parcela da taxa de administração meses
R$ 100.000,00 X (20 / 100) / 72 meses = parcela da taxa de administração meses
R$ 100.000,00 X 0,20 / 72 meses = parcela da taxa de administração meses
R$ 20.000,00 / 72 meses = parcela da taxa de administração meses
R$ 278,00 = parcela da taxa de administração meses

Parcela final: é a soma de todos os componentes da parcela do consórcio, neste caso:

Parcela do Fundo comum + Parcela do Fundo Reserva + Parcela do Seguro + Parcela da Taxa de Administração = Parcela total do consórcio
R$ 1.389,00 + R$ 27,78 + R$ 105,22 + R$ 278,00 = R$ 1.800,00

Valor total final: é a multiplicação da parcela total do consórcio pelo prazo do consórcio.

Parcela total do consórcio X prazo do consórcio = valor total final
R$ 1.800,00 X 72 meses = valor total final.
R$ 129.600,00 = valor total final.

Concessão da Carta de Crédito

No nosso exemplo temos que um consórcio que dará ao final uma Carta de Crédito de R$ 100.000,00, terá a duração de 72 meses (6 anos) e custará para o cotista uma parcela mensal de R$ 1.800,00, totalizando ao final R$ 129.600,00.

Vale lembrar que no consórcio, via de regra, você só terá direito a essa carta de crédito ao final do prazo de consórcio, porém se tiver sorte ou realizar um lance você poderá antecipar sua contemplação com a carta de crédito, mesmo antecipando o recebimento do crédito terá de quitar no prazo estabelecido as parcelas restantes.

E se eu desistir ou não puder pagar?

Aqui vai o maior alerta, PENSE BEM antes de fazer um consórcio, pois você será extremamente penalizado em caso de desistência ou inadimplência.

Vale ler todas as penalidades do contrato antes de realizar um consórcio, porém de forma resumida você ficará com os valores travados até o final do grupo do consórcio, você deverá, mesmo assim pagar a taxa de administração, bem como multa pela quebra do contrato.

Conclusão

Como já mencionamos, o consórcio não é investimento, ele é apenas um instrumento de financiamento de compra, pois você ao final do período não terá uma rentabilidade dos valores destinados ao consórcio, apenas irá recebe-los de volta descontados os custos da operação (taxa de administração e seguro).

Em nossa opinião o consórcio é apenas recomendado se você já estudou as formas de compra à vista e/ou através de financiamento e entendeu que o consórcio é mais vantajoso para você.

O consórcio só parece vantajoso em caso de você não ter uma linha de crédito para financiamento suficiente para adquirir aquele bem que deseja, porém já possui um bom valor para garantir um lance vencedor no seu grupo de consórcio.

Também pode ser vantajoso se você tiver a certeza de que não poderá pagar parcelas antecipadas de um financiamento, a famosa “amortização”, onde você “paga a primeira e a última parcelas” do financiamento todos os meses, como as pessoas conhecem.

Se você não tem pressa em comprar o bem ou se você não tem um valor para amortizar a dívida do financiamento ou dar lances no consórcio, o melhor é ir acumulando recursos aos poucos e ir investi-los para adquirir o bem no futuro.

Quer entender sobre as possíveis pegadinhas na hora de fazer um consórcio? Acompanhe a parte 2, no nosso blog!

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Consórcio é um financiamento coletivo onde pessoas se juntam para comprar um bem e mensalmente parte delas são contempladas. Atenção com o Consórcio!
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Consórcio e a falsa sensação de poupança

De início vale destacar que consórcio não é investimento! Não importa o que seu consultor de consórcios e/ou seguros diga.

Hoje explicaremos um pouco sobre o que é o consórcio e como suas parcelas são montadas, em um outro artigo vamos explicar sua desvantagem em relação a compra à vista e até mesmo ao financiamento que a maioria de nós conhece.

Entendemos que o consórcio só faz sentido se você o contrata de forma consciente e entendendo as diferenças dele para a compra à vista e para o financiamento tradicional.

Vale lembrar que em caso de você possuir recursos para antecipar suas parcelas de financiamento, é bom calcular qual faz mais sentido para você, fique de olho nas pegadinhas do consórcio e não caia no “papo de vendedor”.

O que é Consórcio?

O consórcio é uma forma de financiamento coletivo, ou seja, muitas pessoas buscam comprar algum bem, porém separadas elas não possuem recursos para comprar à vista.

Essas pessoas então se juntam e com as parcelas individuais mensais e, por mês, uma dessas pessoas é “contemplada” e adquire o bem.

Quem adquiriu o bem continua pagando suas parcelas, ajudando as outras pessoas também realizarem essa compra, o “grupo de consórcio” acaba quando todos possuem seus bens e todos esses estão quitados.

No momento que chega sua vez no consórcio, o Administrador te entrega uma “Carta de Crédito” que é um documento dizendo que você possui crédito para adquirir aquele bem desejado, seja ele: uma moto, uma casa, um carro, um caminhão ou outro bem.

Alertas!

Superficialmente isso parece uma vantagem, pois no momento de você comprar um consórcio te falam que essa forma de compra é mais barata que o financiamento, pois NÃO há cobrança de juros no consórcio, mas isso pode ser uma “pegadinha”, vamos falar o porquê depois.

Outra “pegadinha” é falarem que isso serve como uma “poupança forçada”, te auxiliando a poupar dinheiro para adquirir esse bem, uma vez que você não teria um auto controle para poupar este recurso, porém você estará pagando não apenas um seguro e a taxa de administração, que impactam em muito o valor final de sua parcela, mas também estará perdendo a oportunidade de investir esses valores, fazendo seu dinheiro trabalhar por você, o famoso “custo de oportunidade”.

Para acompanhar apenas as pegadinhas, vamos para a parte 2.

O que eu pago em um consórcio?

No consórcio sua parcela é composta pelos seguintes itens:

  1. Fundo comum: é o valor que todo consorciado paga para o “grupo” para a compra dos bens através das parcelas mensais;
  2. Fundo de reserva: é um valor “a mais” que cada cotista paga prevendo que outros possam se tornar inadimplentes, ou seja, caso algum contista pare de pagar, esse Fundo irá garantir que os demais continuem recebendo o bem;
  3. Seguro: quando contratado, é um valor pago para garantir a quitação da dívida em caso de morte do segurado ou desistência do consórcio, também conhecido como “Seguro prestamista”; e
  4. Taxa de administração: que é uma taxa cobrada pela Administradora do fundo pelos serviços de guarda e gestão desses recursos, esse valor geralmente fica entre 15% a 25% do valor do crédito, porém vale uma leitura do contrato de consórcio para identificar exatamente quanto está sendo cobrado de você.

Todas as parcelas sofrem um REAJUSTE ANUAL, ou seja, todas as parcelas são reajustadas anualmente por algum índice oficial adotado pelo administrador do consórcio, seja ele: IPCA, FIPE, IGP-M, etc.

Esse reajuste anual deve ser levado em conta pelo cotista, pois pode impactar diretamente o valor de sua parcela, mas como consequência, também aumenta sua carta de crédito ao final do consórcio, então a perda é parcial.

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Vamos tomar como exemplo um consórcio de 72 meses (6 anos), cujo valor de crédito são R$ 100.000,00 (cem mil reais) para aquisição de um terreno (bem imóvel) para José.

Fundo comum: o valor destinado à parcela do fundo comum vai ser a divisão do valor do crédito final pelo prazo do consórcio, neste caso:

Valor do crédito final / prazo do consórcio = parcela do fundo comum
R$ 100.000.00 / 72 meses = R$ 1.389,00 de parcela mensal do fundo comum.

Fundo de reserva: o valor destinado à parcela de fundo de reserva são 2% do valor do crédito final dividido pelo prazo do consórcio, neste caso:

Valor do crédito final X (2%) / prazo do consórcio = parcela do fundo reserva
R$ 100.000,00 X (2%) / 72 meses = parcela do fundo reserva
R$ 100.000,00 X (2 / 100) / 72 meses = parcela do fundo reserva
R$ 100.000,00 X 0,02 / 72 meses = parcela do fundo reserva
R$ 2.000,00 / 72 meses = parcela do fundo reserva
R$ 27,78 = parcela do fundo reserva


Seguro: é um valor fixo a depender do contrato de consórcio, no nosso caso serão R$ 105,22 por parcela para casos de morte do cotista.

Taxa de Administração: é o valor destinado a remunerar o Administrador do fundo do consórcio, no nosso caso serão 20% do valor do crédito final dividido pelo prazo do consórcio, conforme o exemplo a seguir:

Valor do crédito final X (20%) / prazo do consórcio = parcela da taxa de administração
R$ 100.000,00 X (20%) / 72 meses = parcela da taxa de administração meses
R$ 100.000,00 X (20 / 100) / 72 meses = parcela da taxa de administração meses
R$ 100.000,00 X 0,20 / 72 meses = parcela da taxa de administração meses
R$ 20.000,00 / 72 meses = parcela da taxa de administração meses
R$ 278,00 = parcela da taxa de administração meses

Parcela final: é a soma de todos os componentes da parcela do consórcio, neste caso:

Parcela do Fundo comum + Parcela do Fundo Reserva + Parcela do Seguro + Parcela da Taxa de Administração = Parcela total do consórcio
R$ 1.389,00 + R$ 27,78 + R$ 105,22 + R$ 278,00 = R$ 1.800,00

Valor total final: é a multiplicação da parcela total do consórcio pelo prazo do consórcio.

Parcela total do consórcio X prazo do consórcio = valor total final
R$ 1.800,00 X 72 meses = valor total final.
R$ 129.600,00 = valor total final.

Concessão da Carta de Crédito

No nosso exemplo temos que um consórcio que dará ao final uma Carta de Crédito de R$ 100.000,00, terá a duração de 72 meses (6 anos) e custará para o cotista uma parcela mensal de R$ 1.800,00, totalizando ao final R$ 129.600,00.

Vale lembrar que no consórcio, via de regra, você só terá direito a essa carta de crédito ao final do prazo de consórcio, porém se tiver sorte ou realizar um lance você poderá antecipar sua contemplação com a carta de crédito, mesmo antecipando o recebimento do crédito terá de quitar no prazo estabelecido as parcelas restantes.

E se eu desistir ou não puder pagar?

Aqui vai o maior alerta, PENSE BEM antes de fazer um consórcio, pois você será extremamente penalizado em caso de desistência ou inadimplência.

Vale ler todas as penalidades do contrato antes de realizar um consórcio, porém de forma resumida você ficará com os valores travados até o final do grupo do consórcio, você deverá, mesmo assim pagar a taxa de administração, bem como multa pela quebra do contrato.

Conclusão

Como já mencionamos, o consórcio não é investimento, ele é apenas um instrumento de financiamento de compra, pois você ao final do período não terá uma rentabilidade dos valores destinados ao consórcio, apenas irá recebe-los de volta descontados os custos da operação (taxa de administração e seguro).

Em nossa opinião o consórcio é apenas recomendado se você já estudou as formas de compra à vista e/ou através de financiamento e entendeu que o consórcio é mais vantajoso para você.

O consórcio só parece vantajoso em caso de você não ter uma linha de crédito para financiamento suficiente para adquirir aquele bem que deseja, porém já possui um bom valor para garantir um lance vencedor no seu grupo de consórcio.

Também pode ser vantajoso se você tiver a certeza de que não poderá pagar parcelas antecipadas de um financiamento, a famosa “amortização”, onde você “paga a primeira e a última parcelas” do financiamento todos os meses, como as pessoas conhecem.

Se você não tem pressa em comprar o bem ou se você não tem um valor para amortizar a dívida do financiamento ou dar lances no consórcio, o melhor é ir acumulando recursos aos poucos e ir investi-los para adquirir o bem no futuro.

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